Em um cenário econômico cada vez mais instável, a oscilação do dólar impacta diretamente o poder de compra. Proteção contra desvalorização do real tornou-se prioridade.

Os fundos cambiais surgem como alternativa eficiente para quem busca blindar seu patrimônio. Gestão profissional especializada em ativos cambiais oferece tranquilidade e potencial de rendimento.

O que são Fundos Cambiais

Fundos cambiais são veículos de investimento cujo principal fator de risco está vinculado à variação no preço de moedas estrangeiras, especialmente o dólar americano. Para receber essa classificação, ao menos 80% do patrimônio do fundo deve estar alocado em ativos relacionados a moedas estrangeiras ou a taxas de juros de ativos atrelados ao dólar no Brasil.

Esses fundos funcionam de modo semelhante a outras categorias, como ações ou multimercado, sendo uma aplicação coletiva administrada por um gestor profissional. Cada cotista detém uma fração proporcional do patrimônio, e o ganho ou perda reflete diretamente o desempenho dos ativos cambiais no portfólio.

Existem fundos abertos, que permitem compra e resgate de cotas a qualquer momento, e fundos fechados, com quantidade limitada de cotas e prazos predefinidos.

Objetivos e funcionamento dos fundos

O principal objetivo dos fundos cambiais é oferecer proteção (hedge) contra oscilações do dólar frente ao real, funcionando como um “seguro” para o poder de compra em moeda estrangeira. Investidores com despesas futuras em dólar, empresas exportadoras ou indivíduos que buscam diversificação encontram nesses fundos uma solução prática.

Na prática, o gestor pode usar derivativos, como contratos futuros de moeda ou operações de swap cambial, além de títulos públicos e privados atrelados ao dólar ou ativos diretos no exterior. Toda a operação é feita em reais, o que facilita o acesso do investidor brasileiro sem a necessidade de abrir conta fora do país ou lidar com burocracias de câmbio.

Situação atual do dólar e importância da diversificação

Em junho de 2024, o dólar comercial alcançou a cotação de R$ 5,50, o maior patamar desde julho de 2022. Esse movimento foi impulsionado por incertezas políticas internas, tensões geopolíticas e expectativas de mudanças na política monetária global.

Especialistas recomendam reservar parte da carteira em ativos dolarizados para reduzir riscos e melhorar a diversificação, dado o baixo nível de correlação cambial com ativos locais. Em momentos de instabilidade no Brasil, a exposição ao dólar tende a equilibrar flutuações negativas em outras classes de ativos.

Vantagens dos Fundos Cambiais

Os principais benefícios de investir em fundos cambiais incluem:

• Proteção contra desvalorização do real em períodos de alta do dólar.
• Facilidade operacional para investir sem necessidade de conta no exterior.
• Diversificação com baixa correlação cambial com ações e renda fixa doméstica.
• Gestão profissional especializada em estratégias de hedge.

Riscos e pontos de atenção

Apesar das vantagens, há riscos e custos a considerar:

• Possível perda em cenários de fortalecimento do real frente ao dólar.
• Rentabilidade reduzida se a moeda americana estiver estável ou em queda.
• Impacto das taxas de administração no resultado líquido do investimento.

Como escolher um fundo cambial

Para selecionar o fundo mais adequado, avalie os seguintes critérios:

• Taxa de administração e possíveis taxas de performance.
• Histórico de performance em diferentes cenários cambiais.
• Exposição cambial exata (% do patrimônio em dólar).
• Patrimônio líquido e liquidez diária para resgates.
• Política de investimento e perfil do gestor.

Cenários práticos e exemplos

Considere dois cenários hipotéticos para entender o impacto dos fundos cambiais:

No primeiro, o dólar sobe de R$ 5,00 para R$ 5,50 em seis meses. Um investidor que aplicou R$ 100.000 em um fundo cambial teria valorização direta refletida na alta cambial, acrescida do desempenho dos derivativos ou títulos atrelados à moeda.

No segundo cenário, o real se fortalece, e o dólar cai de R$ 5,00 para R$ 4,70. Nesse caso, o valor das cotas do fundo pode registrar perda cambial, embora o gestor tente compensar com derivativos.

Para ilustrar o comportamento de diferentes classes de ativos, veja a variação anual média de 2018 a 2024:

*Dados parciais até junho de 2024.

Estratégias complementares e planejamento

Além de fundos cambiais, existem outras opções para construir exposição cambial de forma prática:

Investidores podem considerar BDRs, títulos públicos em dólar, ações de empresas exportadoras ou ADRs negociados na B3. Combinadas às alocações em fundos, essas alternativas reforçam a diversificação global do portfólio.

Para objetivos de longo prazo, como aposentadoria ou grandes despesas em moeda estrangeira, a implementação de hedge cambial é recomendada de forma contínua, não apenas em momentos de crise.

Conclusão

Os fundos cambiais são instrumentos poderosos para quem deseja proteger recursos das flutuações cambiais. Com parte do portfólio em ativos dolarizados, é possível equilibrar riscos e potencializar retornos em um ambiente econômico volátil.

A escolha criteriosa do fundo e o acompanhamento regular são essenciais para alcançar os objetivos financeiros e manter a saúde do patrimônio diante das incertezas do mercado.